Demografia dekassegui

O Ministério da Justiça japonês contabiliza 211 907 brasileiros residentes — boa parte descendente de nipo-brasileiros recrutados para fábricas de autopeças nos anos 1990. Embora muitos retornem ao Brasil, a segunda geração permanece e consolida o português como idioma familiar.

Bairros bilíngues

Em Ōizumi (Gunma), placas de trânsito exibem ideogramas e tradução fonética em português; consultórios dentários anunciam «restauração em porcelana»; e a rádio local toca samba às segundas-feiras. Já em Hamamatsu, prefeitos criaram postos de atendimento «Easy Japanese» com intérpretes brasileiros para tributos, saúde e ensino.

Educação multicultural

Mais de 80 escolas particulares nikkei oferecem currículo binacional. Nas públicas, voluntários portugueses e brasileiros ensinam japonês a alunos recém-chegados. O resultado aparece nos exames do fundamental: a evasão escolar — que chegava a 38 % em 2008 — caiu para 14 % em 2024.

Mídia e mercado

Jornais como «São Paulo Shimbun» e «Brasil Nanbei» vendem 11 mil exemplares cada fim-de-semana e mantêm versões digitais financiadas por anunciantes de remessas internacionais. Empresas de carros usados publicam classificados em português visando o mercado de retorno: brasileiros que voltam dirigindo um «minivan japonês» no interior de São Paulo.

Reconhecimento oficial

Em 2025, a Agência de Assuntos Culturais japonesa incluiu o português na lista de idiomas que podem ser usados em placas de patrimônio histórico, ao lado de inglês, chinês e coreano — prova de que a presença brasileira deixou de ser temporária para tornar-se parte do tecido social nipônico.